A história das touradas



Um "espetáculo" que mostra a batalha do Homem vs Touro. Ritualiza o domínio de um dos animais símbolo da força, fúria e potência da natureza para mostrar a prepotência do homem sobre os demais. É uma dessas práticas culturais que é muito forte, principalmente na Espanha, mas também acontece no México, Portugal, Colômbia, Peru, França, Venezuela e Guatemala. 

Por espetáculo, cerca de 4 batalhas (4 animais mortos) acontecem numa arena cercada por uma arquibancada eufórica tal como as nossas no futebol. O toureiro fica fazendo suas firulas e cansando o pobre do touro, além de talhar no seu dorso grandes "espetos" de ferro (chamados de bandarilhas). No fim das contas, com o animal já exausto, ele dá o golpe final que consiste em atravessar a espada na cabeça do touro em pontos milimetricamente precisos. O toureiro que o faz com maior empenho, é que possui maior prestígio. 

Depois de explicar mais ou menos como funciona a dinâmica do "espetáculo", posso reafirmar com muito mais convicção o meu repúdio a tal prática. Não acho nada bonito trazerem até os dias de hoje essa prática que, na minha opinião, já está mais do que ultrapassada. É o tipo da coisa de mal gosto, sem precisão, extremamente desnecessária. 

Na Espanha, onde a tradição é muito mais forte, as "Corridas de Toros" já estão proibidas em certas regiões, como na Catalunya, cuja capital é Barcelona, que em 2010 aprovou a lei de iniciativa popular contra o ritual de sacrifício. Em Madri, elas ainda acontecem rotineiramente na Plaza de Toros de las Ventas (a maior praça da Europa), em Sevilha também existe ainda. Eu e a Núbia, nunca discordamos do fato de não irmos a nenhuma dessas apresentações como uma forma simples de repúdio. Amamos a Espanha e toda sua cultura, mas a corrida de touros nunca foi, ainda bem, interesse de nenhuma das duas. Para gente, isso não é arte. E para ser bem sincera, mesmo sem ir aos espetáculos, eu sempre torço pelo touro.

Em alguns lugares até fazem as touradas tentando não matar os animais em frente ao público, como em Portugal. Mas são igualmente criticadas pelas formas de tratar os touros com tamanha violência. Um filósofinho escreveu o livro "50 Razões para Defender as Touradas" e afirma que as touradas não teriam sentido se o touro não morresse ao final nem se o toureiro não corresse o mesmo risco.


Comentários

  1. Parabéns pelo texto, é realmente importante reavaliarmos constantemente nossos valores. Faz parte da nossa evolução e amadurecimento como sociedade e espécie. Do meu ponto de vista, entretanto, permita-me discordar um pouco. Pra mim, a tourada portuguesa não tem nada a ver com a tourada espanhola. Na portuguesa não existe o picador, a pessoa que entra a cavalo e espeta o touro com uma lança, algo que promove abominável dor ao animal e, pra mim, é o momento de maior agonia para o touro e para a platéia. Na espanhola, o animal é morto na frente de todos, como em um sacrifício, e a carne é desprezada. Na portuguesa, o animal é morto de modo semelhante àquele realizado pelos frigoríficos e a carne é doada. Fora isso tem a parte dos cavalos, onde os Puro Sangue Portugueses "sapateiam" diante dos touros. O grupo de toureiros, que pegam o animal com as mãos, também é típico português. Nunca assisti nenhuma das touradas ao vivo, apenas pela internet. Não aguento assistir à tourada espanhola, é repugnante. A portuguesa, entretanto, pareceu bem diferente pra mim. Ouvi comentários de brasileiros que foram para Portugal e não entenderam nada quando o touro saiu correndo, acompanhado de um grupo de vacas.
    Apesar de acreditar que as duas touradas têm pouco em comum, parabenizo novamente pelo texto, pois precisamos repensar todas essas antigas tradições à luz da sociedade atual. A tourada cada vez mais perde audiência mas, enquanto existir tourada, eu sempre torcerei, assim como você, pelo touro.

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